PRONTO ATENDIMENTO E AMBULATÓRIO

São Bernardo do Campo SP
2004

> MENÇÃO HONROSA PREMIAÇÃO IAB/SP 2004

 

 

MEMORIAL

UMA ANTIGA IDEIA DE CIDADE: OS ESPAÇOS “FRANCOS”
Chamamos de espaços francos aqueles de titularidade privada mas de caráter eminentemente público, de intenso uso coletivo e com forte conectividade com a cidade. Uma noção bem distinta da idéia do shopping center – espaço protegido, climatizado e sem nenhuma continuidade urbana. São estes espaços abertos – francos – que norteiam o partido do projeto. Uma rua em aclive leva a cidade para o interior do terreno e organiza todo o conjunto. Dela nascem escadas rápidas que permitem a subversão do programa hospitalar: o Pronto Atendimento, mesmo exigindo grande acessibilidade, instala-se bem no terceiro pavimento, o maior.

A TRIVIALIDADE DO PROGRAMA HOSPITALAR
A complexidade do programa hospitalar é um fato, mas é complexo porque acumula grande quantidade de usos distintos, demanda técnicas as mais modernas possíveis e abriga seres humanos com diferentes estados de espírito – uns que curam, outros que inspiram atenção e até os que morrem – tudo convivendo num edifício que teima estar em reforma. É uma complexidade divisível em partes de fácil compreensão. O hospital não é complexo na exigência de projeto, ao contrário, ele sugere projetos organizados e precisos e, por vezes, freqüentemente já ensaiados. Mais que isso, pode-se dizer que o programa hospitalar é trivial, ou seja, ele apresenta tais demandas na trivialidade de sua rotina cotidiana. É possível ver o hospital como um lugar onde o que acontece se repete novamente a cada dia, e assim opor, à especialidade e complexidade, um conhecimento necessário e raso como as trivialidades de nossa vida profissional.

O programa desta unidade hospitalar divide-se em quatro pisos. O térreo compõe-se basicamente de acessos e algumas lojas pois trata-se de uma continuidade da cidade. O terceiro pavimento, por ser o maior, abriga o Pronto Atendimento e grande parte dos consultórios configurando as alas dos pátios. Coube ao pavimento intermediário o Ambulatório e demais consultórios. O quarto pavimento é destinado a futuras ampliações de apoio, possivelmente um Centro de Diagnósticos.

PÁTIOS
Alcançada a simplicidade de distribuição do programa, é o sítio que rege a implantação. Enquanto a forma comprida do terreno define a rua, a presença dos jardins da escola industrial vizinha determina a orientação dos pátios. Os espaços coletivos do programa – a espera dos consultórios – conformam os dois pátios que se abrem às melhores visuais do entorno, mesmo sendo poente.

FIGURA E ABSTRAÇÃO
Pode-se dizer que este é um edifício longitudinal configurado por três corpos transversais com terraços em suas pontas. Se, por um lado, a figura arquetípica dos pátios organiza o projeto; por outro, o tratamento abstrato das texturas dos brises de suas fachadas tenta o caráter moderno. A idéia do trabalho com a textura, com o detalhe em última instância, é dividir a escala e aproximar o edifício ao ser humano. Em contrapartida, os terraços das pontas lançam mão de idéia arquitetônica oposta e complementar à textura dos brises. Desta vez, grandes “olhos” apresentam-se como elementos para a cidade. Ao final deverá resultar um edifício que cuida, protege, mas com caráter positivo, afirmativo em sua proposta.

A TORRE AOS FUNDOS
O edifício que se esboça aos fundos será uma torre de escritórios administrativos de todas as unidades do Hospital Santa Helena. Descartou-se a hipótese comum de deixar a torre na frente compondo a rua da metrópole e, ao contrário, optou-se em oferecer para a cidade os serviços de saúde de fato. A parte do programa que melhor se organiza por espaços francos.
 

FICHA TÉCNICA

PROJETO
2004

OBRA
2007

ARQUITETURA
Luciano Margotto
Marcelo Ursini
Sérgio Salles

COLABORADORES
Alexander G. Miyoshi
Antônio de P. Eduardo e Coltro
Fabiana S. Caram
Inês de S. Martins
Luis Claudio M. Dias

MAQUETE
Lucas Chorroarin

ÁREA DO TERRENO
3.930 m²

ÁREA CONSTRUÍDA
8.100 m²