PLANO DE URBANIZAÇÃO DO SUBSETOR A1 DA OPERAÇÃO URBANA ÁGUA BRANCA

São Paulo SP
2015

> 2º LUGAR EM CONCURSO NACIONAL

 

 

MEMORIAL

OPORTUNIDADE DE CONSTRUÇÃO DE UM TERRITÓRIO
Este concurso para o Plano de Urbanização do Subsetor A1 da Operação Urbana Água Branca é uma grande oportunidade para não somente servir como fórum de debates, mas também para dar início a um processo de transformação da Marginal Tietê, suas margens e entornos, territórios negligenciados que hoje se constituem num importante cenário de oportunidades.

PREMISSAS
A proposta considera como premissas básicas os seguintes pontos:
[1] o Parque e as Áreas Verdes serem no mínimo 40% da área do território;
[2] o Traçado Viário ser um dado técnico importante;
[3] Promover habitação digna em uma região com baixíssima densidade demográfica e urbanidade;
[4] Promover a associação de importantes equipamentos públicos associados a uma significativa quantidade de novas unidades de habitação.

HIPÓTESES
A proposta considera algumas hipóteses:
[1] Desenhar pelas Infraestruturas transformando Parque e Áreas Verdes em estruturas híbridas que também incorporem estratégias de drenagem não convencionais associadas a um sistema de áreas livres;
[2] Projetos de habitação de interesse social devem ser difundidos pela cidade com escalas controladas: nem muito ínfimas, nem muito grandes, garantindo assim singularidade e linguagem diversificada, própria da cidade. É fundamental alcançar a dimensão humana e a construção de uma vida comunitária, com sentido de lugar;
[3] Deve-se gerar valor agregado através de agrupações de moradia com bom desenho e boa qualidade urbanística e arquitetônica que construam a cidade, os bairros e comunidades estáveis: É necessário construir apego ao lugar e criar vínculos e relações de vizinhança, rompendo com a ideia de precariedade e transitoriedade da habitação social;
[4] Para a construção da vida urbana e da urbanidade é proposto o retorno aos valores essenciais de uma cidade humana: a praça, o largo, a rua, o parque, a alameda, a lojinha, o restaurante, o boteco de esquina, a vida de bairro e a comunidade. Portanto o vazio, o espaço comunitário, os espaços de encontro, o espaço não construído, é tão ou mais importante que os edifícios;
[5] Participação coletiva da comunidade. Proposta de participação coletiva como meio de preparação para se viver numa “comunidade urbana”. Escutar as vontades dos usuários como mecanismo de aprimoramento das soluções para estes conjuntos urbanos. Implementa-se essa ideia a partir de workshops de trabalho em grupo especializados por temática, por exemplo.

PROPOSTA
Em linhas gerais, o uso HABITACIONAL configura o “CORE” do Subsetor urbano, adensando seu espaço central em composição com o uso misto de comércio e de serviços ao “rés do chão”. PARQUE e ÁREAS VERDES conformam as bordas da grande área, também de modo composto, desta vez com EQUIPAMENTOS PÚBLICOS, sobretudo os de caráter social.
No centro, a matriz do ordenamento é a ortogonalidade; nas bordas, frente urbana e lugares públicos, a escritura é mais livre, marcada pela água até a passagem para o corredor urbanístico da avenida Marquês de São Vicente, que é caracterizada por usos especiais. O Edifício Administrativo que receberá o CGMI, edifício singular, marca de maneira delicada a passagem da estruturação ortogonal para a faixa de área verde, borda livre ao um só tempo técnica e simbólica.

A QUADRA LONGILÍNEA DE OCUPAÇÃO PERIMETRAL
A tipologia proposta para as quadras habitacionais ainda é resultado do pequeno ajuste feito no sistema viário, porém contribui como instrumento de ordenação dos edifícios perante uma nova hierarquia de vias e espaços urbanos através de construção diferenciada das esquinas, diferenciação das bordas edificadas conforme as características das ruas delimitadoras e principalmente pela evolução do miolo da quadra. Se historicamente o destino inicial era exclusivamente para jardins internos das unidades residenciais térreas, o desenho do espaço interno evolui a partir da destinação ao uso coletivo dos moradores.

UNIDADES DE HABITAÇÃO
Devido às justas dimensões da área por moradia é muito mais eficiente, útil, econômico e sensato trabalhar com modulação regular. A área interna deve prover o máximo de flexibilidade se a intenção é que os apartamentos sirvam apropriadamente para diferentes estruturas familiares, o que é fundamental, pois permite a variação do programa interior e permite que as pessoas possam ajustar e modificar os espaços com o passar do tempo, dependendo das necessidades particulares.

COBERTURAS AJARDINADAS
Os terraços ajardinados nas coberturas, que fazem parte do sistema de espaços verdes proposto, contribuem para proteger os ambientes internos da insolação direta e também para reter parte do fluxo das águas de chuvas, evitando sobrecarregar as galerias pluviais. Parte dessa água deverá ser captada e aproveitada para irrigação dos jardins e outros fins não potáveis, como para a limpeza de áreas públicas e/ou lavagem de automóveis, aliviando a demanda de água proveniente dos sistemas de infraestrutura urbana.

A HORTA [PAISAGISMO COMESTÍVEL]
Outras vantagens do cultivo hidropônico são: a) sistema de baixa manutenção, b) alta produtividade, c) baixo consumo energético, d) processo 100% orgânico de cultivo. Principalmente, acreditamos que a hidroponia seja uma grande aposta no futuro da produção mundial de Alimentos, uma forma Sustentável e Democrática de Cultivo, dada sua viabilidade ecológica e econômica de implantação, geradora de produtos orgânicos de alta qualidade.

DESENHO SUSTENTÁVEL
A orientação das edificações habitacionais e o tratamento de suas aberturas contribuirá para o controle da insolação excessiva e promoverá a ventilação natural cruzada, com varandas e proteções solares que amenizam as altas temperaturas nos interiores das unidades. Minimiza-se, assim, a necessidade de sistemas de ar condicionado, recomendado apenas para os programas que exigem ocupação durante o dia (como comércio e escritórios). Procurou-se, desse modo, pautar todas as decisões de projeto de acordo com as exigências prementes de eficiência energética, de redução de emissões nocivas, de promoção da salubridade das edificações e de segurança bioclimática, bem como por soluções de acessibilidade universal, a partir de uma ampla gama de iniciativas em consonância com a característica modelar que este empreendimento deve ter, tornando-se, sem dúvida, uma referência.
 

DIAGRAMAS

[1] SISTEMA VIÁRIO
[1.1] Existente: Apenas uma via diagonal atravessa a região nordeste do Setor A1. Trata-se de uma via de saída da pista local da Marginal Tietê.
[1.2] Operação Urbana: A OU já propunha a retirada da via diagonal existente e implantação de 3 vias novas. Uma via transversal e uma via longitudinal que atravessariam todo o Subsetor A1 e um longitudinal local. A Via Transversal, para er desempenho pleno, depende de desapropriação do fundo dos lotes dos Centros de Treinamentos da S. E. Palmeiras e do São Paulo F. C.
[1.3] Concurso: A nova versão oferecida pelo Concurso introduz mais uma via longitudinal local. Sobre esta versão consideramos: [1] A faixa de terreno que surge junto ao Centro de Treinamento da S. E. Palmeiras é muito estreita e de difícil ocupação e ativação urbana. [2] A largura irregular das 3 quadras junto à av. Marques de São Vicente dificultam muito uma ocupação racional do território. [3] O traçado proposto parece não considerar o atual parcelamento fundiário, pois coloca 3 vias [do total de 4] dentro dos terrenos ocupados hoje pela CET, o que dificultaria a implantação em fases.
[1.4] Proposta: O pequeno AJUSTE DO SISTEMA VIÁRIO proposto considera: [1] Leve deslocamento da via longitudinal, o que permite um alargamento da quadra e assim uma ocupação plena. [2] Espaçamento regular entre as Vias Longitudinais, o que facilita a implantação racional das novas edificações. [3] A proposta considera que a Via Longitudinal local, mais centralizada, se alinhe como o acesso JÁ ARBORIZADO dentro do terreno da CET. Esta estratégia aproveita a condição preexistente e transforma a Via Local em um “Boulevard” apenas para pedestres e ciclistas que atravessará todo o Subsetor A1 e se conectará de forma franca com a Passarela proposta que atravessará toda e Marginal e ligará, de forma plena, a proposta à Área ao norte do Rio Tietê. (fig 1)

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[2] PARCELAMENTO FUNDIÁRIO EXISTENTE
Parece importante entender e considerar o parcelamento fundiário existente como um dado fundamental para um faseamento coerente com as reais possibilidades de implantação da proposta. Se de fato boa parte do terreno está disponível ou em vias de estar, outras áreas estão ativas e estarão dessa forma até o limite permitido pelo processo. Esta nos parece ser a situação da CET, principalmente no caso dos edifícios administrativos [setor em cinza no diagrama]. A Proposta apresentada considera um faseamento que contempla essa condição. (fig. 2)

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[3] PROPOSTA DE FASEAMENTO
[3.1] 1ª FASE: Assim como solicitado, a primeira etapa considera a construção de mais de 50% das unidades de habitação [três Quadras [Edifícios Tipos B e C] e uma Torre [Edifício Tipo A] que contará na sua base com a UBS]. Completa o conjunto uma Biblioteca de Bairro a ser implantada junto a uma Praça Seca destinada a eventos. Total de Unidades de Habitação: 1.158 unidades [57,6%]
[3.2] 2ª FASE: Implantação do corpo principal do Parque, do lago “reservatório” e das respectivas infraestruturas.
[3.3] 3ª FASE: Implantação do Território CEU e do Setor Esportivo do Parque.
[3.4] 4ª FASE: Construção da Passarela para Ciclistas e Pedestres e implantação do projeto paisagístico e de infraestrutura na Área ao Norte do Rio. Total Construído: 12.750 m²
[3.5] 5ª FASE: Construção do Edifício Administrativo que receberá o CGMI. Implantação da Pista de Skate e das áreas verdes ao seu redor.
[3.6] 6ª FASE: Nesta última etapa, posterior à construção do Edifício Administrativo que receberá o CGMI, já se considera a saída da CET desta área. Serão implantadas duas quadras [Edifícios Tipos B e C] uma torre [Edifício Tipo A] que contará na sua base com um Restaurante Escola. Completa o conjunto a cobertura destinada a receber o Mercado e Feiras. Total de Unidades de Habitação: 852 unidades [42,4%]. (fig. 3)

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[4] REGIME DAS ÁGUAS
[4.1] O Parque e as Áreas Verdes contemplam a criação de uma frente urbana caracterizada como lugar público de lazer e atividades físicas. O sistema foi pensado como um elemento articulador e integrador dos diferentes programas deste subsetor urbano. Esse conjunto de vazios e as margens que o conformam incorporam estratégias de drenagem não convencional associadas a um projeto paisagístico específico para retenção das águas pluviais de forma a minimizar a ocorrência de inundações ao longo de trecho do Rio Tietê e de trecho da Av. Marquês de São Vicente.
[4.2] São propostos lagos de retenção e trincheiras hidráulicas integrados ao desenho urbano, como uma estrutura híbrida e complexa que adensa a vida urbana em proximidade com uma paisagem distinta e marcante. Uma centralidade linear de estruturação e legibilidade da localidade a que pertence. (fig. 4)

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[5] SISTEMA DE ÁREAS VERDES
[5.1] Existentes: Após a percepção inicial do significativo conjunto arbóreo já existente na região nordeste do Subsetor A1, pode-se notar certos agrupamentos, com certo valor, que foram incorporados dentro do possível na Proposta. O mais significativo é a sequência de árvores no acesso à área administrativa do CET. Por si só, este conjunto já insinua o arranque de um eixo que atravessará todo o terreno.
[5.2] Proposto: O Parque e as Áreas Verdes propostas consideram as restrições urbanísticas, as pré-existências e a própria condição híbrida de poder ser também uma infraestrutura urbana. O Parque conforma a borda norte e a borda leste do Subsetor A1, também de modo composto, desta vez com equipamentos públicos, sobretudo os de caráter social. O sistema se completa com o Largo do Mercado ao Sul e a sequência de pátios na região central da proposta. Temos dessa forma várias escalas de espaços públicos, associadas entre si e solidárias às atividades cotidianas.

[6] FLUXOS
[6.1] Veicular: O sistema proposto considera, conforme a solicitação do Termo de Referência, a Via Transversal em conjunto com a Via Longitudinal como uma alça urbana que conduz o fluxo da ponte Júlio de Mesquita em direção à Marginal Tietê. A Proposta apresentada sugere fluxos de mão única, mas nada impede que os trechos solicitados possam vir a ser de mão dupla.
[6.2] Ciclovia e Pedestres: Mesmo no caso da Alameda não haveria problema do seu primeiro trecho, entre a Av. Marques de São Vicente e a Via Transversal, ser retomado também com o fluxo de veículos. Apenas parece oportuno apresentar para o Concurso o desempenho máximo desta via priorizando Pedestres e Ciclistas e conectando de forma explícita a parada do corredor de ônibus com a transposição franca da Marginal Tietê. (fig. 6)

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[7] OCUPAÇÃO DO SOLO
[7.1] O Termo de Referência coloca como base a ocupação do solo a partir das seguintes proporções: I_ Sistema Viário: máximo de 20% _ PROPOSTA: 15,3%.
[7.2] II_ Áreas Verdes: mínimo de 40% _ PROPOSTA: 42,9%; III_ Áreas de Uso Institucional: mínimo de 15% _ PROPOSTA: 15,7%; IV_ Áreas para Empreendimento Imobiliário: mínimo de 25% _ PROPOSTA: 26,1%.
[7.3] A proposta apresentada possui uma T.O. [Taxa de Ocupação] global de 26,1%, considerando o uso Institucional e de Empreendimentos Imobiliários. Entretanto o mais significativo é como esta se distribui pelo território e como a estratégia de ocupação valoriza as áreas verdes e o parque. (fig. 7)

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[8.1] FLUXOS
A prioridade é sempre para os pedestres. O sistema proposto considera, conforme a solicitação do Termo de Referência, que a Via Transversal em conjunto com a Via Longitudinal funcionem como uma alça urbana que conduz o fluxo da ponte Júlio de Mesquita em direção a Marginal Tietê. A Proposta sugere fluxos de mão única, mas nada impede que os trechos solicitados possam vir a ser de mão dupla. Pedestres e Ciclista pode ter acesso de forma franca a parada do corredor de ônibus como a transposição da Marginal Tietê.
[8.2] TOPOGRAFIA
A topografia como estratégia. A partir da percepção de uma significativa depressão na esquina nordeste do Subsetor surge a oportunidade de transformar uma agressão em solução. A topografia constitui taludes, evocando e realizando a dimensão territorial do fazer arquitetônico. A invenção dos taludes permite configurar espacialmente as diferentes atividades ao mesmo tempo que minimiza acusticamente o impacto da vizinhançacom a Marginal Tietê.
[8.3] ÁGUAS
O Parque e as Áreas Verdes contemplam a criação de uma frente urbana caracterizada como lugar público de lazer e atividades físicas. O sistema foi pensado como um elemento articulador e integrador dos diferentes programas deste subsetor urbano. Esse conjunto de vazios e as margens que o conformam incorporam estratégias de drenagem não convencional associadas a um projeto paisagístico específico para retenção das águas pluviais de forma a minimizar a ocorrência de inundações ao longo de trecho do Rio Tietê e de trecho da Av. Marquês de São Vicente. São propostos lagos de retenção e trincheiras hidráulicas integrados ao desenho urbano, como uma estrutura híbrida e complexa que adensa a vida urbana em proximidade com uma paisagem distinta e marcante.
[8.4] EVENTOS
Não existe arquitetura sem programa. Os distintos eventos gerados pelo Parque “abraçam” o “core” habitacional. O que se imagina é a possibilidade de qualquer morador estar a poucos minutos à pé de algum acontecimento dentro do Parque. (fig. 8)

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FICHA TÉCNICA

PROJETO
2015

ARQUITETURA E URBANISMO
Mario Figueroa
Luciano Margotto
Letícia Tamisari
Carlos E B Garcia
Thiago Vita
Pedro Coltro

PAISAGISMO E MOBILIDADE URBANA
Rebecca Emmons
Tomás Echiburú

COLABORADORES
Caio Ferraz
Vitoria Paulino
Felipe Marchese
Rafael Cohen
Rafael Chung

CONSULTORES
DESENVOLVIMENTO IMOBILIÁRIO E LEGISLAÇÃO URBANA
Eduardo Della Manna

SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS SUSTENTÁVEIS
Fábio Villas Boas

DESENHO URBANO
Camila Simas

INFRAESTRUTURA URBANA
Ivo Teixeira

GEOTECNIA
Marcos Campos

LEGISLAÇÃO URBANA
Paulo Lomar

ESTRUTURAS
Ricardo Dias

PASSARELA
Catão Ribeiro

TOTAL U.H.
2.010 unidades

ÁREA DO TERRENO
155.376 m² (porção sul: 145.215 m²; porção norte: 10.161 m²)

ÁREA CONSTRUÍDA
173.018 m²

C.A.
3,60