BIBLIOTECA DE MÉXICO JOSÉ VASCONCELOS

México DF, México
2003
 

 

MEMORIAL

A Biblioteca ao mesmo tempo se impõe como espaço formal e informal, aberto ao usuário e fechado sobre si mesmo, inserido na cidade e mantendo francas relações com ela, e objeto autônomo com vida e interesses próprios. A chave de seu desenho é esse contraponto.

A Biblioteca se liga à Estação Buenavista por um novo espaço público, praça aberta, sob a qual se acomodam os estacionamentos. A Estação, mais antiga, tem precedência, a nova Biblioteca recua: o vazio garante sua presença monumental, sem impô-la. O térreo é predominantemente público, os demais pavimentos atendem às coleções e tem acesso mais restrito.

Os cheios se organizam pela sucessão de vazios. O vestíbulo de altura total dá acesso à Biblioteca, o pátio quadrado de 40 m de lado [reminiscência espacial de La Ciudadela] organiza-a espacialmente, as fendas verticais ajudam a matizar sua iluminação natural, os fechamentos garantem sua intimidade e sua transparência; nos andares superiores os espaços são contínuos e sucessivos, organizando-se corretamente, mas garantindo total flexibilidade. Da praça pública frontal às alamedas interna e externa vislumbram o mundo interior da biblioteca enquanto dão acesso ao pátio posterior, onde prossegue o programa complementar. Devolve-se à cidade o terreno que se ocupa, para que ela o use plenamente.

As entradas de luz participam da organização espacial. No centro da Biblioteca, ao redor do vazio, implantam-se as coleções de maneira formal. Ao longo do perímetro, dispõem-se fendas verticais associadas aos pisos desnivelados, iluminando e separando áreas informais para leitura. São os próprios livros que delimitam os espaços, individualizando-os em padrões geométricos recorrentes, de fácil memorização. A luz natural é protagonista, sempre matizada e controlada pelos lanternins, garantindo intimidade e presença na cidade. Quando não há luz do dia, a Biblioteca se ilumina desde dentro, como um farol do saber.

Os fechamentos de pedra ônix do México conferem dignidade e certo peso que é apropriado a uma Biblioteca. A materialidade se assevera.

O pátio de leitores apresenta-se informal e aberto, ansiando pelo encontro das pessoas, conectando-se visualmente ao pátio posterior, quase uma praça animada por café, restaurante, convenções e serviços. O volume do auditório compõe-se entre pesado e leve, fechado e aberto, flutuando sobre o espelho d’água com perspicácia. A Biblioteca se afirma como uma área de nova centralidade, cheia de vitalidade, resgatando o valor urbanístico desse setor da cidade.
 

FICHA TÉCNICA

PROJETO
2003

ARQUITETURA
Luciano Margotto
Marcelo Ursini
Sérgio Salles
Ruth Verde Zein
Lêda Maria Brandão de Oliveira

COLABORADORES
Alexander Gaiotto Miyoshi
André Yamaguishi Ciampi
Luis Claudio Marques Dias
Lilian Martins da Silva
Alessandro Siqueira

ÁREA DO TERRENO
35.987 m²

ÁREA CONSTRUÍDA
42.000 m²