FACULDADE DE MEDICINA – UNESP

Botucatu SP
1991

> 2ª LUGAR EM CONCURSO NACIONAL

 

 

MEMORIAL

O projeto busca potencializar diferenças e especificidades, fazendo com que todos os elementos participem de um jogo de contradições, onde o equilíbrio possa se dar exatamente pela ausência de qualquer hegemonia. Acreditamos no convívio dos diferentes, desprendido de qualquer modelo que busque a eliminação das singularidades.

A implantação surge na contextualização do campus, das sutis relações entre espaço livre e construído e das exigências e particularidades do programa, definindo diferentes momentos num todo integrado por uma ordem clara e flexível.

Baseado nesse princípio, o projeto considera dois pontos como premissas básicas:
[1] implantação em um campus;
[2] soluções às exigências do programa e às etapas de construção.

IMPLANTAÇÃO EM UM CAMPUS
Construir em um campus como o de Botucatu, significa defrontar-se com amplos horizontes, grandes espaços e distancias maiores do que as de uma cidade tradicional. O relacionamento entre espaço livre e espaço construído se amplia substancialmente, necessitando de análise cuidadosa das diferentes escalas de apreensão e uso. Procuramos superar a ideia de lote com edifício e, como consequência, a caracterização do espaço livre como resíduo circundante. Ao contrário, esse espaço livre se identifica diretamente com o espaço edificado, seja funcionando como forte elemento de articulação entre blocos, seja como espaço preparatório de acesso. Há um especial interesse de que o programa, o usuário, as especificidades do sítio e os fluxos se integrem naquele suporte. Não se admite grandes espaços confinados, recintos, praças, pátios ou ruelas particularizadas. A organização do conjunto é sempre bastante permeável e aberta, decorrência direta da leitura de forças que atuam no complexo.

O projeto visa também neutralizar a ideia de dois lotes distintos, costurando-os como uma única peça permeada pelos caminhos e fluxos de pedestres, e também recebendo a rua principal de veículos não como uma barreira a ser transposta e sim como mais um elemento pertencente ao conjunto. Num primeiro momento, todos os blocos se articulam por intermédio do grande piso, espinha dorsal do conjunto e, num segundo momento, conectam-se com o hospital e outros setores do Campus. A implantação é elemento essencial do projeto, suporte para fluxo cheio e dinâmico entre as diversas partes a serem construídas, sendo, consequentemente, geratriz de um conjunto integro, caracterizado pela interação de seus organismos diferenciados e autônomos.

SOLUÇÕES ÀS EXIGÊNCIAS DO PROGRAMA E ÀS ETAPAS DE CONSTRUÇÃO
O programa fornecido é complexo e repleto de especificidades a serem seguidas para perfeito funcionamento do conjunto:
a _ O bloco docente aproxima-se do hospital articulando os fluxos que se orientam para as entradas localizadas nos pátios laterais, facilitando assim a constante movimentação de professores. Internamente, separa e organiza com clareza os setores cirúrgicos e clínicos e os departamentos individualmente, cada um com sua respectiva infraestrutura.
b _ O bloco didático coloca-se como elemento mediador do conjunto, repleto de relações entre espaço construído e espaço livre, espaço interior e espaço exterior, destacando-se o auditório geral (aula magna) como peça pública e autônoma, destinada ao complexo e também ao campus.
c _ O bloco administrativo configura-se de uma só vez, realizando a outra extremidade oposta ao bloco docente. Vale ressaltar a localização do arquivo morto e almoxarifado no pavimento térreo, buscando economia na estrutura do edifício.
d _ A construção em até 7 fases permite a configuração do conjunto em etapas bastantes flexíveis, deixando em aberto várias opções de crescimento. O bloco docente aloja inicialmente 116 salas de docentes e 5 secretarias, ou todas secretarias provisoriamente com menos salas docentes. O bloco didático comporta inicialmente 2 salas de 90 alunos e 6 salas de 45 alunos além de toda a infraestrutura como lanchonete, CAMED etc.
e _ A grande maioria dos estacionamentos foi localizada em faixa paralela ao talude, setorizando o serviço e também evitando interferências indesejadas na apreensão do conjunto desde a entrada do compus e da sua via principal.
f _ Os edifícios, em sua grande maioria modulados em pequenos vãos de até 7,5 m para a estrutura e de 4,80 a 8,0 m para os painéis de laje, admitem sistemas construtivos convencionais em concreto armado, deixando em aberto também a possibilidade de utilização de sistemas construtivos pré-fabricados conforme as necessidades do cronograma físico-financeiro.
g _ A opção pela planta livre em diversos setores traduz a necessidade de espaços flexíveis, necessários em edifícios com este caráter. Buscou-se a máxima iluminação natural também nos ambientes de circulação interna.
 

FICHA TÉCNICA

PROJETO
1991

ARQUITETURA
Luciano Margotto
Marcelo Ursini
Sérgio Salles
Henrique Fina

ÁREA DO TERRENO
21.656 m²

ÁREA CONSTRUÍDA
14.300 m²